Um ano

Faz hoje um ano.
Um ano que essa cabra dessa doença te levou. Foste forte e lutaste até o corpo não aguentar mais.
As dores, essas dores que tanto te faziam sofrer. Dói só de pensar. O humano não sabe qual o limite do sofrimento, mas tu com a maior das certezas, andaste lá perto.
Não sei até que ponto foi bom tu partires. Sabes... Tenho saudades tuas. Saudades de tratar de ti, de jantar contigo, de te ver sorrir. Tenho pena de só me ter dedicado a ti quando soube que estavas doente. Pena de não ter passado o tempo suficiente contigo e de não te ter conhecido melhor. Mas também fico feliz por saber que fui muitas vezes quem te ouviu.
Partires só foi bom porque o teu sofrimento acabou.
Dizem-me que inevitavelmente acabamos por perder o que mais gostamos. É verdade.
Sabes, cada vez mais vejo-te no teu filho... Espero e acredito que ele vai ser uma excelente pessoa, tal e qual tu foste. Aprendi muito contigo, ''tio''.
Desculpa se não te consegui ir ver depois de sucumbires ao cancro. Mas senti que já te tinha demonstrado o suficiente o quanto te admirava e o quanto gostava de ti.
Depois de ires, durante muito tempo senti que isso não tinha acontecido.  Tive a sensação que te ia encontrar, algures pelo IPO ou pela casa onde moravas. Mas não. Tu estavas lá ou não? Pensei muitas vezes que me ias aparecer em sonhos, mas continuavas a não aparecer. Não apareceste. Nem isso me fez esquecer de ti.
Foste a minha primeira grande perda e continuo a morrer de saudades tuas, do teu sorriso e da tua boa disposição.
Não sei como me posso despedir de ti, nem nunca vou saber.